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  • Foto do escritorBruna Alves

O alto preço de viver longe de casa

Atualizado: 1 de abr.

Hoje li um texto interessantíssimo da Ruth Manus enviado por uma amiga querida.

Um texto interessante que fala da eterna busca do ser humano por algo melhor.


É interessante ler o texto e pensar sobre os diferentes aspectos de vida, das diferente culturas, o que levou cada um a tomar a difícil decisão de "ir embora" e talvez "nunca mais voltar".

Esta leitura, me fez pensar sobre as minhas decisões, sobre o real motivo pelo qual decidi tomar um rumo diferente e me fez olhar por um outro ângulo e me fez entender melhor a dificuldade que algumas pessoas têm de não aceitarem e entenderem essa atitude. É difícil mesmo!

Sei que muito deixamos para trás, que levamos apenas a saudade da nossa antiga casa, o amor dos nossos pais, dos nossos amigos, a lembrança do abraço apertado das pessoas que amamos e que guardamos a sete chaves, torcendo para não esquecemos nenhum detalhe, nem por 1 segundo toda história de vida que até aqui construímos.


É difícil pensar sobre tudo isso já que ainda não disse "até logo" ... mas é importante ter em mente que as nossas ações precisam ser tomadas depois de muito pensar, discutir, analisar .... pois você acreditará e compreenderá as possíveis consequências que virão -- espero que eu esteja certa!


Antes de fechar este post, gostaria de dividir um pedaço da letra da música "Why Georgia", escrita, tocada e cantada por John Mayer (meu ídolo) que fala um pouco sobre deixar para trás, acreditar no melhor, e muitas vezes, fingir que está tudo bem para evitar dores dos que ficaram para trás.


I rent a room and I fill the spaces with  / Aluguei um quarto e preenchi os espaços com

Wood and places to make it feel like home  / Madeira pra ficar com cara de casa

But all I feel's alone  / Mas tudo que sinto é solidão


It might be a quarter-life crisis  / Pode ser uma crise dos 25

Or just the stirring in my soul  / Ou só o agito na minha alma

Either way  / De qualquer forma


I wonder sometimes  / Eu queria saber as vezes

About the outcome  / Sobre o resultado

Of a still verdictless life  / De uma vida ainda sem resultados

Am I living it right?  / Será que estou vivendo ela direito?

Am I living it right?  / Será que estou vivendo ela direito?

Am I living it right?  / Será que estou vivendo ela direito?

Why, why georgia, why?  / Por que georgia, por que


So what, so i've got a smile on  / E daí, eu tenho um sorriso estampado

But it's hiding the quiet superstitions in my head  / Mas ele esconde superstições quietas na minha cabeça


Don't believe me  / Não acredite em mim

Don't believe me  / Não acredite em mim

When I say i've got it down  / Quando eu digo que tenho tudo resolvido


Everybody is just a stranger  / Todo mundo é apenas estranho mas

But that's the danger in going my own way  / Esse é o perigo de seguir meu próprio caminho

I guess it's a price I have to pay  / Acho que é o preço que tenho que pagar

Still "everything happens for a reason"  / Ainda que ''tudo aconteça por alguma razão''

Is no reason not to ask myself if I am  / Não há razão pra não me perguntar se estou

Living it right  / Vivendo ela direito


Am I living it right?  / Será que estou vivendo ela direito?

Am I living it right?  / Será que estou vivendo ela direito?

Why, tell me why, why, why georgia, why  / Por que, me diga porque, por que georgia, por que


Fecho este pequeno post repetindo a última frase de Ruth Manus:

"O preço é alto. A gente se questiona, a gente se culpa, a gente se angustia. Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem que a gente embarque. Alguns não vão. Mas nós, que fomos, viemos e iremos, não estamos livres do medo e de tantas fraquezas. Mas estamos para sempre livres do medo de nunca termos tentado. Keep walking."


O alto preço de viver longe de casa

por RUTH MANUS

24 Junho 2015 | 11:28

Muito além do valor do aluguel.


Voar: a eterna inveja e frustração que o homem carrega no peito a cada vez que vê um pássaro no céu. Aprendemos a fazer um milhão de coisas, mas voar… Voar a vida não deixou. Talvez por saber que nós, humanos, aprendemos a pertencer demais aos lugares e às pessoas. E que, neste caso, poder voar nos causaria crises difíceis de suportar, entre a tentação de ir e a necessidade de ficar.

Muito bem. Aí o homem foi lá e criou a roda. A Kombi. O patinete. A Harley. O Boeing 737. E a gente descobriu que, mesmo sem asas, poderia voar. Mas a grande complicação foi quando a gente percebeu que poderia ir sem data para voltar.

E assim começaram a surgir os corajosos que deixaram suas cidades de fome e miséria para tentar alimentar a família nas capitais, cheias de oportunidades e monstros. Os corajosos que deixaram o aconchego do lar para estudar e sonhar com o futuro incrível e hipotético que os espera. Os corajosos que deixaram cidades amadas para viver oportunidades que não aparecem duas vezes. Os corajosos que deixaram, enfim, a vida que tinham nas mãos, para voar para vidas que decidiram encarar de peito aberto.

A vida de quem inventa de voar é paradoxal, todo dia. É o peito eternamente divido. É chorar porque queria estar lá, sem deixar de querer estar aqui. É ver o céu e o inferno na partida, o pesadelo e o sonho na permanência. É se orgulhar da escolha que te ofereceu mil tesouros e se odiar pela mesma escolha que te subtraiu outras mil pedras preciosas.

E começamos a viver um roteiro clássico: deitar na cama, pensar no antigo-eterno lar, nos quilômetros de distância, pensar nas pessoas amadas, no que eles estão fazendo sem você, nos risos que você não riu, nos perrengues que você não estava lá para ajudar. É tentar, sem sucesso, conter um chorinho de canto e suspirar sabendo que é o único responsável pela própria escolha. No dia seguinte, ao acordar, já está tudo bem, a vida escolhida volta a fazer sentido. Mas você sabe que outras noites dessa virão.

Mas será que a gente aprende? A ficar doente sem colo, a sentir o cheiro da comida com os olhos, a transformar apartamentos vazios na nossa casa, transformar colegas em amigos, dores em resistência, saudades cortantes em faltas corriqueiras?

Será que a gente aprende? A ser filho de longe, a amar via Skype, a ver crianças crescerem por vídeos, a fingir que a mesa do bar pode ser substituída pelo grupo do whatsapp, a ser amigo através de caracteres e não de abraços, a rir alto com HAHAHAHA, a engolir o choro e tocar em frente?

Será que a vida será sempre esta sina, em qualquer dos lados em que a gente esteja? Será que estaremos aqui nos perguntando se deveríamos estar lá e vice versa? Será teste, será opção, será coragem ou será carma?

Será que um dia saberemos, afinal, se estamos no lugar certo? Será que há, enfim, algum lugar certo para viver essa vida que é um turbilhão de incertezas que a gente insiste em fingir que acredita controlar?

Eu sei que não é fácil. E que admiro quem encarou e encara tudo isso, todo dia.

Quem deixou Vitória da Conquista, São José do Rio Preto, Floripa, Juiz de Fora, Recife, Sorocaba, Cuiabá ou Paris para construir uma vida em São Paulo. Quem deixou São Paulo pra ir para o Rio, para Brasília, Dublin, Nova York, Aix-en-provence, Brisbane, Lisboa. Quem deixou a Bolívia, a Colômbia ou o Haiti para tentar viver no Brasil. Quem trocou Portugal pela Itália, a Itália pela França, a França pelos Emirados. Quem deixou o Senegal ou o Marrocos para tentar ser feliz na França. Quem deixou Angola, Moçambique ou Cabo Verde para viver em Portugal. Para quem tenta, para quem peita, para quem vai.

O preço é alto. A gente se questiona, a gente se culpa, a gente se angustia. Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem que a gente embarque. Alguns não vão. Mas nós, que fomos, viemos e iremos, não estamos livres do medo e de tantas fraquezas. Mas estamos para sempre livres do medo de nunca termos tentado.


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