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  • Foto do escritorBruna Alves

1 ano de Canadá

Hoje comemoramos 1 ano de Canadá e gente, como passou rápido... passou voando!!! 🙀


Há 1 ano atrás eu e maridão, estávamos chegando no aeroporto de Pearson, em Toronto, por volta das 05:30am cheios de expectativas, medo, ansiedade, mas felizes, esperançosos e com muita força de vontade. Afinal, não é qualquer um que consegue trocar de vida de um dia pra outro, não é mesmo? Ainda mais quando se tem uma vida praticamente estruturada, com casa, emprego, bons salários, etc. Mudar de um estado para outro já é complicado, agora imagina mudar de país? Fazer uma opção como esta, requer um objetivo de vida, muita vontade e desejo, de ambos, não basta ser de um só, muito planejamento e principalmente humildade para iniciar uma vida praticamente do zero e compreender que talvez você não terá os mesmos luxos e talvez nem muito conforto em um primeiro momento.


Quando chegamos, fomos abraçados por amigos queridos, que nos acolheram até encontrarmos um lugarzinho para ficar. Achávamos que levaríamos um pouco mais de tempo para encontrar um local, porque como somos newcomers, sem qualquer histórico financeiro não conseguiríamos com tanta facilidade, mas graças à Deus, conseguimos nos mudar para o nosso cantinho com apenas 15 dias de TO. Escolhemos a região do High Park, muito linda, calma e com movimento na medida certa. A primeira parte do plano foi realizada com sucesso.

Todo início é muito difícil e pra gente não foi diferente. Quando nos mudamos, não tínhamos absolutamente nada, apenas as nossas malas e um colchão inflável que compramos no Canadian Tire. Como já havia comentado em posts anteriores, os apês aqui já possuem geladeira, fogão, alguns com lava-louça, lava-roupas e secadora. Compramos os itens mais básicos mesmo que só foram chegar depois de uns 20 dias morando no apê. Já imaginou dormir em um colchão inflável por quase 30 dias? Tive muita dor nas costas e muitas noites mal dormidas. Nestes momentos você se questiona mil vezes se fez a escolha certa, se largar "tudo" de fato estava valendo à pena .... mas este início é tão incerto que é muito difícil mesmo você chegar e se sentir de fato bem. Cada um tem uma experiência de início de Canadá, algumas pessoas chegam de forma mais acomodada, com emprego garantido e local para morar, outras possuem parentes, outras com situações financeiras muito boas, outras com a grana contada... etc. .... mas gente, vou dizer ... não importa o como você chegue... a sensação e o medo toma conta de todos. Falo isso por vivência própria e pelo relato de muitas pessoas, de diversos padrões de vida e situações. Não é fácil pra ninguém.


Bom, passado essa fase inicial de adapção ... entendendo como as coisas próximo à sua casa funcionam, onde fica o mercado, como andar de metrô, ônibus ou streetcar, etc... inicia-se a fase da preocupação da busca pelo emprego. Não que isso já não fosse uma preocupação, afinal, tentamos com quase 1 ano antes da nossa ida buscar emprego no Canadá, ainda morando no Brasil. Tentamos de tudo mesmo, até transferência pelo antigo empregador, mas não foi possível. A minha busca por colleges, me levou a vir antes no Canadá para conhecer os locais, onde ficavam os campus, como fazer para estudar e tal.... o planejamento foi feito por etapas, mas a questão do emprego andava em paralelo com tudo o que estávamos realizando. É muito difícil conseguir um empregador no Canadá que queira bancar a sua vinda. Posso dizer que é 1 em 1 milhao. Falo isso pelas experiências de pessoas que conheco por aqui. Existe? Claro que existe, mas demandas muito específicas e além disso ter a sorte de estar na hora certa no lugar certo, esta é a verdade. As buscas por empregos na nossa área de atuação de TI (tanto minha quanto a do meu marido) exigem um visto de trabalho e que você já esteja residente no Canadá. Meu marido conseguiu alguns contatos sim, mas quando ele dizia que estava no Brasil, ou que ainda não tinha o visto de trabalho, não rolava.


Chegando em Toronto, a ansiedade de conseguir um emprego aumenta e muito. Vou dizer que brasileiro em geral tem uma expectativa de achar que por ter tido uma excelente experiência no Brasil, que o emprego é garantido aqui. Gente, não é bem assim! É importante setar esta expectativa e não existe um "tempo médio" para conseguir, se é que posso dizer desta forma. Existem pessoas que levaram 1 a 2 meses, outras 6 meses, outras 1 ano e outras não conseguiram e tiveram que buscar sub-empregos para pagar as contas. Para a nossa sorte, o meu marido conseguiu com 1 mês e quando recebemos a proposta, respiramos aliviados. A segunda parte do plano estava dando certo.


Em paralelo com a busca pelo emprego, veio o início do meu college. Estudar um tema complexo, como o gerenciamento de projetos em inglês não é simples, agora estudar com um professor indiano que tem um sotaque carregado no inglês é pior ainda. Esta foi a minha difícil adaptação no college. Levou umas 2 semanas para eu conseguir compreender um pouco do que ele estava dizendo, mas nunca entendi suas piadas indianas, já que praticamente 95% da minha sala inteira era de indianos. Conforme o tempo foi passando, fui me adaptando, mostrando meu potencial e fazendo networking e a terceira parte do plano estava também dando certo.

A quarta parte do plano foi com relação a administração do dia a dia onde precisamos nos adaptar com diversas coisas, como: 


  • Tarefas da casa - aqui é você que faz tudo. No Brasil, pagávamos uma pessoa para limpar a nossa casa, fazer a comida e lavar e passar as nossas roupas. Chegando no Canadá tivemos que nos adaptar a fazer todas as tarefas por nossa conta. Aqui existem serviços de limpeza, porém são caros e muito diferentes do Brasil. O valor médio de uma faxineira por aqui, está em torno de CAD$120,00 a diária, que inclui uma limpeza simples em um tempo médio de 3 horas. Assim esta diarista consegue limpar até 3 ou 4 casas por dia. Além disso, se você optar por pagar um serviço como este, você precisa deixar o ambiente sem qualquer coisa espalhada, porque senão a pessoa nao tira do lugar e não limpa. Não ache que ela/ele vai arrastar os móveis e tirar a poeira de baixo, nem espere uma comidinha ou uma lavada de roupa extra. Então, como comentei no início deste post, é preciso entender que por aqui a cultura é diferente e que precisamos botar a mão na massa.

  • Networking - é muito importante fazer novas amizades, conhecer pessoas, frequentar eventos, participar de programas voluntários, entre outros. Não só pelo fato de você não conhecer praticamente ninguém e precisar construir o seu novo "ambiente", sua nova rodinha de amigos e se sentir abraçado quando estiver sozinho, mas também porque aqui no Canadá, networking abre muitas portas e as oportunidades. Como também já havia comentado, algumas oportunidades de empregos são internas aguardando indicação de pessoas que já trabalham na empresa. Portanto, movimente-se.

  • Equilibrar nossa vida financeira - vir para o Canadá com um valor "certinho" em conta nos limita bastante e é imprescindível a administração financeira. Ter uma planilha, ou usar qualquer SW para administrar os gastos, buscando principalmente onde economizar é fundamental para quem está iniciando a vida por aqui. Desde muito nova controlo meu financeiro em uma planilha, o que sempre ajudou no planejamento e a compreender onde gastava mais ou onde estava economizando, até mesmo para me ajudar a escolher o melhor local para fazer compras, por exemplo. Eu acho que o único ponto de atenção é que aqui no Canadá você não tem quem te ajude caso alguma coisa ruim aconteça. No Brasil, quer queira ou quer não, nossa família estava por lá e poderia nos dar qualquer apoio. Aqui a preocupação em economizar e ter sempre uma reserva/poupança triplica.

  • Clima da região - posso dizer que tiramos de letra, mas vejo que o inverno é um fator que complica e muito na vida de muitos imigrantes por aqui. Já vi casos de pessoas desistirem e detestarem a região por conta do frio. Como sempre comentei nos posts, é importante estar com a roupa certa para a temperatura e evitar se expor ao frio extremo. Graças à Deus a adaptação foi maravilhosa.

  • Administrar a ausência e a saudade - a parte mais difícil pra mim. Realmente foi muito difícil e ainda é em alguns momentos não ter meus amigos de infância, ou de anos, e minha família ao meu lado. Sinto muita falta .... choro às vezes, mas não tem jeito. Esta foi a escolha que fizemos, na busca de uma vida melhor para nós dois e na busca de construir uma família com mais tranquilidade. Eu acredito que quando a dor e a saudade apertam, precisamos nos abraçar aos nossos objetivos para que elas diminuam um pouco. Não é fácil, mas é administrável.


E a quinta, a sexta a sétima.... parte do plano? Bom, as próximas partes, ou os próximos capítulos, estão planejados e só à Deus pertence. O futuro nos aguarda. Fecho este post, com a reflexão da importância da retrospectiva, pois é muito importante olhar para trás, analisar tudo o que foi construído, a forma como tudo aconteceu, analisar aquilo que ainda está em andamento e não se esquecer dos próximos passos. Só assim, conseguimos identificar as falhas, vibrar pelas conquistas e nos tornar mais esperançosos e preparados por um futuro que nos aguarda. À todos vocês que leram este post, obrigada por me permitir dividir a nossa experiência, e espero que tenham gostado e que se pensarem em viver fora do Brasil, que leve em consideração muitas coisas aqui listadas por mim. Um beijo grande e que venha o próximo ano!

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